quarta-feira, 27 de abril de 2011

Ideologia

O que é ideologia?- Maria Lúcia Arruda Aranha e Maria Helena Pires Martins

O que é ideologia?
Ideologia: sentido amplo
Há vários sentidos para a palavra ideologia. Em sentido amplo, é o conjunto de idéias, concepções ou opiniões sobre algum ponto sujeito a discussão. Quando perguntamos qual é a ideologia de determinado pensador, estamos nos referindo à doutrina, ao corpo sistemático de idéias e ao seu posicionamento interpretativo diante de certos fatos. E nesse sentido que falamos em ideologia liberal ou ideologia marxista.
Ainda podemos nos referir à ideologia enquanto teoria, no sentido de organização sistemática dos conhecimentos destinados a orientar a ação efetiva. Existe portanto a ideologia de uma escola, que orienta a prática pedagógica; a ideologia religiosa, que dá regras de conduta aos fiéis; a ideologia de um partido político, que estabelece determinada concepção de poder e fornece diretrizes de ação a seus filiados. Já ouvimos a expressão "atestado ideológico", que é a declaração exigida sobre a filiação partidária de alguém. No Brasil, durante o recrudescimento do poder autoritário, órgãos como o Deops (Departamento Estadual de Ordem Política e Social) exigiam em certas circunstâncias que as pessoas apresentassem atestados desse tipo, a fim de controlar a adesão às ideologias marxistas, consideradas perigosas à segurança nacional.
Ideologia: sentido restrito
O conceito de ideologia tem outros sentidos mais específicos, elaborados por autores como Destutt de Tracy, Comte, Durkheim, Weber, Manheim. Mas é sobretudo com Marx que a explicitação do conceito enriqueceu o debate em tomo do assunto e de sua aplicação. Para ele, diante da tentativa humana de explicar a realidade e dar regras de ação, é preciso considerar também as formas de conhecimento ilusório que Levam ao masscaramento dos conflitos sociais. Segundo a concepção marxista, a ideologia adquire um sentido negativo, como instrumento de dominação.
Isso significa que a ideologia tem influência marcante nos jogos do poder e na manutenção dos privilégios que plasmam a maneira de pensar e de agir dos indivíduos na sociedade. A ideologia seria de tal forma insidiosa que até aqueles em nome de quem ela é exercida não lhe perceberiam o caráter ilusório.
A concepção de Gramsci
Vale considerar um reparo feito pelo marxista italiano Gramsci (1891-1937), para quem é preciso distinguir entre ideologias historicamente orgânicas e ideologias arbitrárias. As primeiras são historicamente necessárias porque "organizam as massas humanas, formam o terreno sobre o qual os homens se movimentam, adquirem consciência de sua posição, lutam etc.". Segundo Gramsci, pode-se dar ao conceito de ideologia "o significado mais alto de uma concepção de mundo que se manifesta implicitamente
na arte, no direito, na atividade econômica, em todas as manifestações de vida individuais e coletivas" e que tem por função conservar a unidade de todo o bloco social.
Portanto, Gramsci considera que em um primeiro momento, enquanto concepção de mundo, a ideologia tem a função positiva de atuar como cimento da estrutura social. Quando incorporada ao que chamamos senso cotnum, ela ajudará a estabelecer o consenso, o que em última análise confere hegemonia a uma determinada classe, que passará a ser dominante.
Evitando a concepção mecanicista, Gramsci não considera que os dominados permaneçam submissos indefinidamente, pois no senso comum poderão ser trabalhados elementos de bom senso e de instinto de classe que aos poucos formarão por sua vez a ideologia dos dominados. Daí a necessidade da formação de intelectuais surgidos da própria classe subalterna e capazes de organizar coerentemente a concepção de mundo dos dominados.

In: FILOSOFANDO, INTRODUÇÃO À FILOSOFIA. ARANHA, M. L. A e MARTINS, M. H. P. São Paulo: Moderna, 1993, 2.ed.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Caros alunos!

Não se esqueçam a prova de sociologia está marcada para o dia 28 de abril! Bons estudos!!!

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Aspectos teóricos da industria cultural e a televisão no Brasil

Aspectos teóricos de la industria cultural y la televisión en Brasil

Theoretical aspects of the cultural industry and television in Brazil




Dtdo. Programa de Pós-graduação da Faculdade de Educação Física da Unicamp.

Programa Estágio Docente da FEF-Unicamp.

(Brasil)


Marco Antonio Bettine de Almeida

marcobettine@gmail.com







Resumo

Este texto busca analisar algumas características da Industria Cultural, apontando as questões fundamentais para pensar esta categoria a partir do referencial da teoria crítica. Posteriormente, discutiu-se a consolidação do projeto capitalista de industrialização da cultura através da televisão como expressão máxima da reprodutibilidade técnica, ideologia e fetichismo.

Unitermos: Industria cultural. Ideologia. Televisão.



Resumen

Este texto busca examinar algunas características de la industria cultural, con indicación de las cuestiones clave para pensar sobre esta categoría a partir del marco referencial de la teoría crítica. Además, se debate la consolidación del proyecto capitalista de la industrialización de la cultura a través de la televisión, como expresión máxima de la reproducibilidad técnica, la ideología y el fetichismo.

Palabras clave: Industria cultural. Ideología. Televisión.



Abstract

This text search examines some features of the Cultural Industry, indicating key issues to think this category from the reference of critical theory. Later, discussed is the consolidation of the capitalist project of industrialization of culture through television as an expression of maximum reproducibility technique, ideology and fetichism.

Keywords: Cultural industry. Ideology. Television.

http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - N° 121 - Junio de 2008

1 / 1

Introdução

Relendo alguns estudos sobre a crítica da industria cultural percebi que apesar do pensamento pessimista da teoria crítica, ela, como projeto de análise do real, ainda oferece categorias interessantes para analisar a realidade material.

A questão da Internet, a explosão de imagens que somos expostos, o uso da racionalidade instrumental para convencer as pessoas a consumirem os produtos, os vários mecanismos de convencimento, enfim me parece que Adorno e Horkheimer tinham razão ao perceber uma dialética negativa intrínseca ao desenvolvimento do sistema capitalista de produção.

Aspectos teóricos da Industria Cultural: teoria crítica

A industria cultural foi tema que inspirou os grandes teóricos da Escola de Frankfurt. Primeiramente os pensadores da primeira geração haviam mantido a confiança na razão crítica, que conseguiria se impor cedo ou tarde em acompanhamento ao progresso da humanidade. Adorno e Horkheimer (1985, p.20) acreditavam que, “apesar dos percalços e retrocessos, a humanidade chegaria, em última instância, a realizar a promessa humanística, contida na concepção kantiana da razão libertadora. A razão acabaria por realizar-se concomitantemente com a liberdade, a autonomia e o fim do reino da necessidade.” O objetivo do esclarecimento seria investir os homens na posição de senhores da própria vida, dissolvendo mitos e substituindo a imaginação pelo saber. Na visão de Adorno e Horkheimer, o saber, temperado pela razão crítica, seria a porta para o desenvolvimento da humanidade, que se libertaria dos mitos e primitivismos e daria vazão a todo o seu potencial de conhecimento.

Este pensamento veio ao fim quando governos totalitários emergiram no entre guerras, este acontecimento levou a repensar a crença na humanidade constituindo mecanismos de rever a razão como fonte do projeto iluminista e a perceber o seu uso instrumental, a partir de uma leitura weberiana. Este processo de desencantamento do mundo vivido pelos autores deu origem a um dos mais sólidos projetos da Escola de Frankfurt que foi a teoria crítica.

Desta forma, a razão, ao invés de conduzir à produção de um conhecimento que visasse à emancipação do espírito humano, levou a reprodução do consumo e o uso da ciência como expressão do poder político e militar. Essa razão instrumental, longe de libertar, tem caráter repressivo e ditatorial. A razão converte-se em uma razão alienada que se desviou do seu objetivo emancipatório original, transformando-se em seu contrário: a razão instrumental, o controle totalitário da natureza e a dominação incondicional dos homens.

Marcuse caminha no mesmo sentido ao avaliar em Ideologia da Sociedade Industrial, de 1964, que a ciência e a técnica não são apenas forças produtivas, mas funcionam como ideologia para legitimar o sistema. Para o autor os homens tornam-se cada vez mais submissos ao processo produtivo e, em nome dessa produtividade, recalcam outros aspectos da reflexão científica e existencial, “como a crítica do status quo e a emancipação dos homens do reino da necessidade”. Assim, ao invés de buscar a libertação da humanidade – seu objetivo original – a ciência trabalha para o capital e para a manutenção das relações de classe. Para Marcuse, um dos motivos para que a dimensão emancipadora ou crítica na produção de mercadorias tenha sido sufocada foi exatamente o fato de que a economia capitalista conseguiu satisfazer necessidades básicas das massas dos países desenvolvidos. Com algumas de suas reivindicações atendidas diminuiu a insatisfação e o ímpeto revolucionário dos indivíduos.

Para os autores da Escola de Frankfurt tudo que foi construído no capitalismo reforça o próprio sistema como a ideologia e o fetichismo. A produção cultural, particularmente, tem como objetivo construir os modelos de reprodução do capitalismo e dar atributos humanos nas mercadorias para reforçar o consumo.

Para Adorno, a cultura se transformou em valor de troca, assim como as demais mercadorias, a cultura só tem valor na medida em que pode ser trocada, não na medida em que é algo em si mesma. Adorno e Horkheimer (1985, p. 148) observa ainda que o novo não é o seu caráter mercantil que já existia na sociedade burguesa. A novidade é que hoje ela “se declara deliberadamente como tal, e é o fato de que a arte renega sua própria autonomia, incluindo-se orgulhosamente entre os bens de consumo, o que lhe confere o encanto da novidade”. Segundo este pensamento, o princípio do fetichismo da mercadoria se realiza completamente na Industria Cultural, “no qual o mundo sensível é substituído por uma seleção de imagens que existe acima dele, e que ao mesmo tempo se fez reconhecer como o sensível por excelência” (DEBORD, 1997, p.40).

A principal característica do desenvolvimento tecnológico, para os estudos da cultura, foi viabilizar o surgimento da Indústria Cultural e de todas as suas conseqüências. A principal delas é o reforço do sistema e da sociedade vigentes; a perda da aura da obra de arte descrita por Benjamin; o empobrecimento da experiência vivida; o abandono definitivo da luta de classes; a alienação dos consumidores. Também foi essa aproximação – ou a constatação de suas conseqüências - que provocou uma mudança radical na teoria crítica, que ficou mais dura, cética e pessimista.

Podemos dizer, a partir de uma primeira análise, que a Indústria Cultural é a forma “pela qual a produção artística e cultural é organizada no contexto das relações capitalistas de produção, lançada no mercado e por este consumida” (FREITAG, 1993, p.72). A grande questão é que, em seu domínio, a arte “deixa de ter o caráter único, singular, deixa de ser a expressão da genialidade, do sofrimento, da angústia de um produtor (artista, poeta, escritor) para ser um bem de consumo coletivo, destinado desde o início à venda, sendo avaliado segundo sua lucratividade ou aceitação de mercado e não pelo seu valor estético, filosófico, literário intrínseco” (Idem, p.72).

Dos vários desdobramentos da Industria Cultural, o cinema teve um papel de destaque nas obras de Benjamin, no qual era possível reproduzir uma cena, massificar o produto cultural e retirar a sua áurea na apresentação artística. No entanto, foi com a televisão que se levou aos lares o mais perfeito produto da industria cultural, o projeto quase acabado, onde o sistema capitalista, através da ideologia e do fetichismo, reproduz a própria estrutura da produção ao fortalecer o mercado de consumo e massificação. No Brasil o fortalecimento da televisão levou a algumas conseqüências na produção cultural e na disseminação de valores para terminar o projeto capitalista com o fim da resistência nas artes. Este processo tem como marco a década de 1970, onde vivíamos um período de repressão.

A televisão como consolidação da Industria Cultural no cenário brasileiro

Foi com os militares que tivemos um amplo avanço da industria cultural no Brasil (ALMEIDA e GUTIERREZ, 2005), através da incorporação e importação de todo o aparato tecnológico ligado às artes audiovisuais, principalmente a televisão. Esta é claro, já existia há algum tempo no país, a novidade daquela época era seu poder e alcance, em grande parte determinada por sua organização verdadeiramente moderna e pelo irrestrito apoio estatal a seu crescimento que, de tão intenso, chegou a provocar profundo impacto tanto no modo de ser da experiência cultural – afetando, em alguns casos, o destino de obras de outros gêneros (teatro, artes plásticas, músicas, poesia) –, quanto na própria situação material do produtor de cultura.

No teatro, na música e na poesia a arte audiovisual se fazia presente, com textos fotográficos, dinâmicos e urbanos, com sons que descreviam histórias, fatos e acontecimentos em imagens, com peças que esboçavam o fascínio, as cores e o Brasil. A televisão influenciou todo o ramo artístico, era o novo meio de comunicação, com uma abrangência assustadora, levando à incorporação de artistas e técnicos que viam na televisão uma nova estética, um novo meio de fazer arte. Um novo meio de reprodutibilidade técnica, já que não necessitava mais do palco para fazer teatro, existia agora a reprodução das imagens em forma de tela.

A industria cultural através da televisão incorporou a arte nacional-popular. O mercado introduziu na sua programação as expressões nacionais-populares – poesia marginal, cinema novo, teatro do oprimido, Centro Popular de Cultura, UNE-volante, tropicália – e transformou-as, através do processo de colonização – num mercado de consumo ligado ao nacionalismo e desenvolvimentismo com propagandas governamentais. O exemplo clássico deste nacionalismo sem engajamento, juntamente com o afastamento da estética e a desistência de algo inovador foram as novelas.

Neste processo de industrialização todos os mecanismos são transformados em mercadorias, a emancipação feminina, a liberdade sexual, todos estes discursos nascidos dos artistas de esquerda perderam o seu caráter subversivo na era da industria cultural. Esse aproveitamento conservador do sexo pelo mercado coexiste com o velho conservadorismo a glorificar a tradição, família e propriedade. Vivendo as tradições do passado e a apologia da liberação sexual nas telenovelas (RIDENTI, 1999, p.238).

Estes são motivos suficientes para demonstrar a força e a importância da televisão no Brasil. As novelas foram a grande invenção nacional. Capazes de prender mais de 70% dos telespectadores, com seu linguajar cotidiano, temas da vida privada e unicidade cultural. As novelas propiciaram tal conjunção com o público que as mulheres aprenderam a se vestir como os personagens e as adolescentes aprenderam a querer seus sonhos modernos. Segundo Kornis (2001, p.11) em 1964, quando a história da televisão brasileira começaria, o Brasil tinha 34 estações de TV e 1,8 milhão de aparelhos receptores. Em 1978, já eram 15 milhões de receptores. Em 1987, 31 milhões de televisores se espalhavam pelo País, dos quais 12,5 milhões em cores. Hoje, trata-se do sexto maior parque de receptores instalados no mundo.

Depois de 1980, quando se inicia o processo de redemocratização, segundo Ridenti (1999), há uma ampliação dos bens culturais industrializados, pois se há o fortalecimento da industria cultural com os militares é no período de abertura política que ela chega ao seu apogeu. Sem a censura os filmes, livros e programas nacionais e internacionais tiveram a possibilidade de serem divulgados amplamente. Com a abertura política ficou mais fácil a penetração dos bens culturais de massa a serem lançados e consumidos pela população.

A abertura política, no começo da década de 1980, propiciou um desenvolvimento vertiginoso da industria cultural, em função principalmente dos investimentos que já tinham sido realizados durante o regime militar na área das comunicações, sempre sob controle dos órgãos de censura. Porém, é preciso ter presente que enquanto a expressão típica da industria cultural no regime militar caracterizou-se pelo nacional-desenvolvimentismo, a industria cultural na redemocratização e nos períodos subseqüentes foi marcada pela globalização e pelo fim da censura. Estes dois acontecimentos mostraram ser o casamento perfeito para o desenvolvimento da Industria Cultural brasileira, tendo como carro chefe a televisão.

Conclusão

A industria cultural reflete uma necessidade do capitalismo de coisificar o mundo ao seu redor. Coisifica o homem transformando-o em mercadoria, e ao coisificar o homem transforma todo o produto do trabalho humano em algo a ser comprado. Com a cultura não aconteceu diferente, ela foi transformada em algo a ser vendida. A televisão como projeto tecnológico do capitalismo promoveu a reprodutibilidade técnica da arte e ao mesmo tempo trouxe para si a função de sedimentar a ideologia e o fetichismo da mercadoria. A televisão, em última análise, representa o projeto perfeito da reprodução do sistema capitalista de produção, e, no Brasil, podemos dizer que através da ligação com os militares e sua necessidade de conter os avanços da arte questionadora que sedimentou a arte vendável e a produção comercial em detrimento da arte de contestação e transformação.

Referências bibliográficas

ADORNO, Theodor W. & HORKHEIMER, Max. A dialética do esclarecimento. Jorge Zahar, Rio de Janeiro, 1985.

ALMEIDA, Marco e GUTIERREZ, Gustavo. O afastamento do nacional popular e a incorporação da industria cultural no lazer brasileiro: influência do regime militar. In: Licere – Belo Horizonte Celar – V.8 N° 2 p.90-98, 2005.

BENJAMIN, Walter. A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica. In: Obras escolhidas - I. São Paulo: Brasiliense, 1985.

DEBORD, Guy. A sociedade do espetáculo. Contraponto Ed., Rio de Janeiro, 1997.

FREITAG, Bárbara. A teoria crítica: ontem e hoje. Brasiliense, São Paulo, 1993.

KORNIS, Mônica. Uma memória da história nacional recente:As minisséries da Rede Globo. In: Congresso Brasileiro da Comunicação – Campo Grande /MS – setembro 2001.

MARCUSE, Herbert. Eros e Civilização. Rio de Janeiro, Zahar Editores, 1975.

RIDENTI, Marcelo. Em busca do povo brasileiro: romantismo revolucionário de artistas e intelectuais (pós-1960). Tese de Livre Docência do Instituto de História e Ciências Humanas. Campinas: Unicamp, 1999.
Este link ajudará vocês a entederem Mídia, Cultura e Política no Brasil:
www.fclar.unesp.br/soc/revista/artigos_pdf_res/17/07filho.pdf
www.fclar.unesp.br/soc/revista/artigos_pdf_res/17/07filho.pdf

Propaganda e Sociedade de consumo

Sociedade de consumo é uma expressão utilizada para se referir à sociedade contemporânea. Consumir, seja para a satisfação de "necessidades básicas" e/ou "supérfluas", é uma atividade presente em toda e qualquer sociedade humana. Para alguns autores, a sociedade de consumo é definida por um tipo específico de consumo. Para outros, englobaria características sociológicas, como a presença de moda, sentimento permanente de insaciabilidade.

Nas sociedades tradicionais de outrora, a unidade de produção como a de consumo era a família ou o grupo doméstico. As famílias produziam em grande parte para o consumo próprio, sendo a sociedade composta por grupos de status definidos pelas roupas, atividades de lazer, padrões alimentares, dentre outros.

Hoje existe uma multiplicidade de grupos, tribos urbanas e indivíduos criando as suas próprias modas. Cada um faz as suas próprias escolhas segundo o seu senso estético e conforto. Independentemente da posição social, idade e renda, a pessoa pode ser quem ela escolher. Os produtos similares ou "piratas" permitem que estilos de vida sejam construídos e desconstruídos, lançados ao mercado e utilizados por pessoas cujas rendas certamente não são compatíveis com o uso de muitos deles nas suas respectivas versões originais. O estilo de vida na cultura do consumo reflete a individualidade, autoexpressão, estilo pessoal e autoconsciente.
Dessa forma, houve uma mudança nos padrões de consumo, passando de uma atividade familiar para uma atividade individualista – o direito de escolha. Houve também uma transição do consumo de pátina, que corresponde a um ciclo de vida mais longo do objeto, conferindo tradição, nobreza, status aos proprietários, passando de geração a geração, a exemplo dos nobres ingleses que consumiam pratarias, objetos de madeiras nobres. Hoje, ao contrário, temos o consumo de moda que expressa temporalidade de curta duração, pela valorização do novo e do individual. Tem como princípio o gosto pela novidade.

No ponto de vista de alguns autores, a sociedade do consumo é vista de forma negativa, que é uma sociedade materialista, pecuniária, na qual o valor social das pessoas é representado pelo que elas têm e não pelo que elas são. Ao passo que, em uma visão positiva, predomina, nessa sociedade, a autonomia e a soberania do consumidor.

A cultura do consumidor é impessoal no sentido que as mercadorias são produzidas para um mercado de massas e não para indivíduos específicos. Também é universal, pois, em princípio, todos nós somos livres e iguais e podemos adquirir o que quisermos.

Ser consumidor é fazer escolhas do que comprar, de como pagar e gerir o seu dinheiro sem qualquer interferência institucional ou de terceiros. As necessidades dos consumidores são ilimitadas e insaciáveis. Sendo uma consequência da sofisticação, da imaginação e da personalização dos desejos e necessidades, e também da exigência do sistema capitalista para a sua própria sobrevivência.

Para Campbell, por meio do consumismo moderno, procura-se mais a gratificação da emoção e do desejo do que a satisfação de necessidades. Acredita no caráter individualista em que os indivíduos decidem por si mesmos que bens e serviços desejam obter. Para ele, a insaciabilidade dos consumidores caracteriza a sociedade de consumo. Assim, quando um desejo ou "necessidade" é satisfeita, outra já se acha à espera. Não é a permanência de um sentimento de insatisfação, de um "eterno querer mais", mas a existência de uma insaciabilidade para com novos produtos. A atividade fundamental do consumo não é a seleção, a compra ou o uso dos produtos, mas a procura do prazer imaginativo a que a imagem do produto se empresta, sendo o consumo verdadeiro, em grande parte, um resultado desse hedonismo mentalístico. O desejo dos consumidores é experimentar na vida social os prazeres vivenciados na imaginação e cada novo produto é percebido como oferecendo uma possibilidade de realizar essa ambição.

http://jus.uol.com.br/revista/texto/14028/sociedade-e-consumo-analise-de-propagandas-que-influenciam-o-consumismo-infantil

O Papel Da Publicidade Na Sociedade De Consumo

Autor: Leandro Aurélio


A propaganda hoje é o carro-chefe do mercado, pois o dever da propaganda é criar necessidades e mais necessidades, seduzindo o consumidor, de modo que se torne quase impossível a realização completa das mesmas. Sempre há algo mais novo e mais eficiente que suprirá uma necessidade que, até então, o consumidor não tinha atentado e assim, dia após dia, o consumidor “coisificado” é bombardeado por um sem-número de propagandas nos meios de comunicação de massa, telefone, correio, internet etc. que o convence a qualquer custo que determinado produto ou serviço é indispensável à sua sobrevivência.



O poder da propaganda é, além de muito forte, sutil. Vivemos numa efervescência de marcas, adjetivos, qualidades maravilhosas e soluções arrebatadoras para problemas ou necessidades que não temos, ou se temos, nunca nos demos conta. Esse poder sutil da propaganda de mercado faz com que nos confundamos entre o que é necessidade e o que é supérfluo, pois os valores incutidos em nossas mentes pela propaganda faz com que transformemos simples necessidades diárias em verdadeiros acontecimentos ao usar determinados produtos envoltos em grife e glamour, como escovar os dentes ou fazer a barba, por exemplo. E faz com que façamos do supérfluo verdadeiras necessidades vitais.



A publicidade de mercado é tão astuta que transforma simples camisas, bolsas, sapatos ou tênis em verdadeiros objetos preciosos que não importa mais se o produto possui uma boa qualidade ou não, o que importa neles é o logotipo estampado. E aí abre-se espaço para a falsificação que mostra claramente que a necessidade criada não é de um produto, por ter uma boa qualidade ou por suprir uma lacuna, mas sim de uma determinada marca que lhe traz prestígio social não importando a qualidade do produto ou sequer sua origem.



Outra fonte mais recente de consumo é a “pseudo-intelectualidade”, onde basta ler as manchetes dos jornais e espalhar aos amigos que comprou um livro e não assiste big brother para se inserir num extrato social cada vez maior de “intelectuais” com idéias enlatadas e filosofias fajutas que o levarão a consumir outros bens que não o das massas, mas dos “intelectuais” como uísque importado, pois “o intelectual bebe uísque escocês e fuma charutos cubanos” e assim, determinadas leituras, hoje vem se tornando cada vez mais um instrumento do mercado capitalista de consumo que coisifica até mesmo os “intelectuais”.



A palavra chave do mercado é lucro e esse lucro tem que ser conseguido de qualquer modo e a qualquer custo. É possível viver com as necessidades supridas e não se deixar contaminar pelo poder invasivo da propaganda comercial, acreditando que sem determinados bens não será possível o bem-estar.



O que fazer então? A resposta é equilíbrio e bom senso. Não é necessário jogar seu celular fora e não ter sequer um par de sapatos. Não necessário deixar de consumir, pois nossa sociedade nos compele a usufruir de certos bens, como este computados ao qual digito este texto. O mais importante é ter consciência do que é futilidade, criada por marqueteiros que estão apenas preocupados em vender e lucrar, não importando quem compra, o que se compra ou a utilidade do que se compra, do que é necessidade ou até mesmo das contingências do mercado, porém controladas.



Só é possível adquirir tal consciência conhecendo a fundo as estratégias do mercado e também conhecendo a fundo nossas reais necessidades, dividindo o que é essencial e o que não é, para que não fiquemos à deriva deixando-nos “contaminar” pelas milhares de marcas a que somos expostos todos os dias sem nenhum escrúpulo ou respeito.



http://www.artigonal.com/noticias-e-sociedade-artigos/o-papel-da-publicidade-na-sociedade-de-consumo-667584.html

Perfil do Autor

Estudante de Psicologia da Universidade Estadual da Paraíba.

http://www.artigonal.com/noticias-e-sociedade-artigos/o-papel-da-publicidade-na-sociedade-de-consumo-667584.html
Atenção 2º ano CEC !!!

Na próxima aula dia - 14 de abril - será a apresentação dos dois últimos grupos: 3. Propaganda e Sociedade de consumo e

 4. Mídia, cultura e política no Brasil

quarta-feira, 6 de abril de 2011

A sociedade para Durkheim, Marx e Weber

Sociedade para Durkheim
Para Durkheim o homem é coagido a seguir normas, os chamados fatos sociais (regras exteriores ao indivíduo que controlam sua ação perante a sociedade). O fato social é a coeção da socieadade no indivíduo, o homem é coagido a seguir normas sociais que desde seu nascimento lhes são expostas e que ele não tem poder para modificar. Durkheim propunha a sociologia estudar esses fatos que controlam o meio social (leis, religiões, costumes e etc).
A sociedade é que controla as ações individuais, o individuo aprende a seguir normas que lhe são exteriores (não foram criadas por ele), mas é autônomo em suas escolhas, porém elas estão dentro das possibilidades que a sociedade impõe, pois caso ele saia desses limites impostos será punido socialmente, sendo assim há uma elevação do coletivo sobre o individual, o homem nada mais é do que um ser condicionado pelas regras da sociedade com uma pseudo-liberdade de escolhas.
Durkheim então propõe uma saida da sociedade mecânica em que a individualidade é anulada para uma sociedade organicista, em que se baseando em modelos biológicos as pessoas realizariam funções específicas, cada qual com seu papel no grande sistema da sociedade. A moral para Durkheim é o principal fato social, ela é positiva já que condiciona as pessoas a se manterem em sociedade e não dispersas como aconteceria caso o individualismo sobrepusesse o coletivo. Em alguns momentos a moral deixa de funcionar corretamente, então deve se condicionar uma nova moral que seria aceita voluntariamente pelas pessoas quando observassem que a antiga não mais mantia a sociedade estruturada e funcional.

Sociedade para Marx
Para Marx a sociedade não tenderia a buscar a funcionalidade perfeita como para Durkheim, para ele a sociedade se mantinha por ideologias controladas pelos que possuem o controle dos meios de produção. A sociedade é heterogenea, pois possue classes sociais que se estabelecem em diferentes locais nos meios de produção para atender o coletivo.
A sociedade valoriza o acúmulo de bens materiais e não o bem-estar da sociedade, a qualidade de vida dos que não controlam os bens de produção são inferiores aos que controlam. Os proletários apenas ganhavam de salário o necessário para se viver e os capitalistas acumulavam capital, o capital se tornou um símbolo de poder, de prestígio em relação aos bens de produção e portanto de superioridade na qualidade de vida. A produção deixou de visar o bem da sociedade para montar esferas de poder controladas pelos capitalistas em detrenimento do operário.
A exploração do proletário se daria pela mais-valia, o valor de troca usado pelo operário não condiziria com o salário que recebia, o que ele produzia era superior ao que recebia, sendo o trabalho extra a produzir o lucro do capitalista, sendo assim os próprios proletários é que mantinham o poder do capitalista que detinha a “maquina” de produção.
O proletário deveria se conscientizar da ideologia dominante, a do capitalista, que organiza o operário em benefício do sistema capitalista, essa ideologia naturaliza a posição de quem detem o poder sobre os meios de produção, fazendo com que o operário se aliene em relação ao que ele mesmo produz. Com a consciência da dominação, o proletário conseguiria se organizar e fazer a revolução social, em que a classe operária transformaria a realidade.
Como foi visto a ideologia seria como uma coeção, mesmo que diferente da que propõe Durkheim, do externo sobre o individuo e que tenta lapidá-lo para manter o sistema vingente, porém o sistema vingente apenas beneficia os detentores do meio de produção e na perspectiva de Marx, tem como se modificar essa realidade social.

Sociedade para Weber
Em seus estudos, Weber estudou o surgimento e o desenvolvimento dos domínios que os homens impõem ou se submetem. Para ele existem três tipos de dominações por uma violência considerada legítima, são elas: domínio tradicional, carismático e racional-legal.
O domínio tradiconal se dá através do costume, aquele domínio já esta naturalizada em uma cultura e portanto legitimado, acontece na imagem do principe e sacerdote-rei, ele não foi escolhido terrenamente, é uma revelação do divino para o homem, é um domínio sacralizado.
Olhando para as obras de Marx na visão de Weber o proletário se subjulgaria ao capitalista porque conseguia um ganho material, o salário, ele era recompensado mesmo que de maneira precária (esse seria o valor racional com relação aos valores, o dinheiro é importante na sociedade capitalista, portanto tê-lo mesmo que pouco é fundamental socialmente).
O domínio carismático é quando uma figura representada como herói consegue submeter os outros que o admiram, acontece por exemplo, no sacerdote que consegue o carisma dos fieis ou no líder militar que é o senhor das armas, que lutou bravamente em uma guerra e que tem total apoio do povo, por um sentimento de patriotismo, o líder carismatico controla os outros pelas sensibilidades que causa. A sensação de proteção que tal líder pode conceber atrai as pessoas a sua volta.
O domínio racional com relação aos fins acontece na organização da burocracia, que visa organizar as transações econômicas para que ocorram de maneira mais eficiente. Por conta da organização as pessoas se submetem já que legitimamente uma organização possui normas e diretrizes de funcionamento, se o modelo for eficiente ele vai resistir as mudanças, os fins dessa organização vão ser previsiveis e dar uma sensação de segurança fazendo cada vez mais as pessoas se organizarem em sua volta.

Adorno e a Indústria Cultural

 Daniel Ribeiro da Silva*
Resumo:
O presente texto pretende ser mais uma explanação de algumas reflexões do filósofo T. W. Adorno (1903-1969) acerca da Indústria Cultural vigente no século XX.
Palavras-chave: Adorno, indústria cultural, ideologia, razão técnica, arte.
 
A Indústria Cultural impede a formação de indivíduos autônomos, independentes, capazes de julgar e de decidir conscientemente. [2] Com as palavras do próprio Adorno, podemos compreender o porque das suas reflexões acerca desse tema.
Theodor Wiesengrund-Adorno, em parceria com outros filósofos contemporâneos, estão inseridos num trabalho muito árduo: pensar filosoficamente a realidade vigente. A realidade em que vivia estava sofrendo várias transformações, principalmente, na dimensão econômica. O Comércio tinha se fortalecido após as revoluções industriais, ocorridas na Europa e, com isso, o Capitalismo havia se fortalecido definitivamente, principalmente, com as novas descobertas cientificas e, conseqüentemente, com o avanço tecnológico. O homem havia perdido a sua autonomia. Em conseqüência disso, a humanidade estava cada vez mais se tornando desumanizada. Em outras palavras, poderíamos dizer que o nosso caro filósofo contemplava uma geração de homens doentes, talvez gravemente. O domínio da razão humana, que no Iluminismo era como uma doutrina, passou a dar lugar para o domínio da razão técnica.  Os valores humanos haviam sido deixados de lado em troca do interesse econômico. O que passou a reger a sociedade foi a lei do mercado, e com isso, quem conseguisse acompanhar esse ritmo e essa ideologia de vida, talvez, conseguiria sobreviver; aquele que não conseguisse acompanhar esse ritmo e essa ideologia de vida ficava a mercê dos dias e do tempo, isto é, seria jogado à margem da sociedade. Nessa corrida pelo ter, nasce o individualismo, que, segundo o nosso filósofo, é o fruto de toda essa Indústria Cultural.
Segundo Adorno, na Indústria Cultural, tudo se torna negócio. Enquanto negócios, seus fins comerciais são realizados por meio de sistemática e programada exploração de bens considerados culturais. [3] Um exemplo disso, dirá ele, é o cinema. O que antes era um mecanismo de lazer, ou seja, uma arte, agora se tornou um meio eficaz de manipulação. Portanto, podemos dizer que a Indústria Cultural traz consigo todos os elementos característicos do mundo industrial moderno e nele exerce um papel especifico, qual seja, o de portadora da ideologia dominante, a qual outorga sentido a todo o sistema.
É importante salientar que, para Adorno, o homem, nessa Indústria Cultural, não passa de mero instrumento de trabalho e de consumo, ou seja, objeto. O homem é tão bem manipulado e ideologizado que até mesmo o seu lazer se torna uma extensão do trabalho. Portanto, o homem ganha um coração-máquina. Tudo que ele fará, fará segundo o seu coração-máquina, isto é, segundo a ideologia dominante. A Indústria Cultura, que tem com guia a racionalidade técnica esclarecida, prepara as mentes para um esquematismo que é oferecido pela indústria da cultura – que aparece para os seus usuários como um “conselho de quem entende”. O consumidor não precisa se dar ao trabalho de pensar, é só escolher. É a lógica do clichê. Esquemas prontos que podem ser empregados indiscriminadamente só tendo como única condição a aplicação ao fim a que se destinam. Nada escapa a voracidade da Indústria Cultural. Toda vida torna-se replicante. Dizem os autores:
Ultrapassando de longe o teatro de ilusões, o filme não deixa mais à fantasia e ao pensamento dos espectadores nenhuma dimensão na qual estes possam, sem perder o fio, passear e divagar no quadro da obra fílmica permanecendo, no entanto, livres do controle de seus dados exatos, e é assim precisamente que o filme adestra o espectador entregue a ele para se identificar imediatamente com a realidade. Atualmente, a atrofia da imaginação e da espontaneidade do consumidor cultural não precisa ser reduzida a mecanismos psicológicos. Os próprios produtos (...) paralisam essas capacidade em virtude de sua própria constituição objetiva (ADORNO & HORKHEIMER, 1997:119).
Fica claro portanto a grande intenção da Indústria Cultural: obscurecer a percepção de todas as pessoas, principalmente, daqueles que são formadores de opinião. Ela é a própria ideologia.  Os valores passam a ser regidos por ela. Até mesmo a felicidade do individuo é influenciada e condicionada por essa cultura. Na Dialética do Esclarecimento, Adorno e Horkheimer exemplificam este fato através do episódio das Sereias da epopéia homérica. Ulisses preocupado com o encantamento produzido pelo canto das sereias tampa com cera os ouvidos da tripulação de sua nau. Ao mesmo tempo, o comandante Ulisses, ordena que o amarrem ao mastro para que, mesmo ouvindo o cântico sedutor, possa enfrentá-lo sem sucumbir à tentação das sereias. Assim, a respeito de Ulisses, dizem os autores:

O escutado não tem conseqüências para ele que pode apenas acenar com a cabeça para que o soltem, porém tarde demais: os companheiros, que não podem escutar, sabem apenas do perigo do canto, não da sua beleza, e deixam-no atado ao mastro para salvar a ele e a si próprios. Eles reproduzem a vida do opressor ao mesmo tempo que a sua própria vida e ele não pode mais fugir a seu papel social. Os vínculos pelos quais ele é irrevogavelmente acorrentado à práxis ao mesmo tempo guardam as sereias à distância da práxis: sua tentação é neutralizada em puro objeto de contemplação, em arte. O acorrentado assiste a um concerto escutando imóvel, como fará o público de um concerto, e seu grito apaixonado pela liberação perde-se num aplauso. Assim o prazer artístico e o trabalho manual se separam na despedida do antemundo. A epopéia já contém a teoria correta. Os bens culturais estão em exata correlação com o trabalho comandado e os dois se fundamentam na inelutável coação à dominação social sobre a natureza (ADORNO & HORKHEIMER, 1997:45).

É importante frisar que a grande força da Indústria Cultural se verifica em proporcionar ao homem necessidades. Mas, não aquelas necessidades básicas para se viver dignamente (casa, comida, lazer, educação, e assim por diante) e, sim, as necessidades do sistema vigente (consumir incessantemente). Com isso, o consumidor viverá sempre insatisfeito, querendo, constantemente, consumir e o campo de consumo se torna cada vez maior. Tal dominação, como diz Max Jimeenez, comentador de Adorno, tem sua mola motora no desejo de posse constantemente renovado pelo progresso técnico e científico, e sabiamente controlado pela Indústria Cultural. Nesse sentido, o universo social, além de configurar-se como um universo de “coisas” constituiria um espaço hermeticamente fechado. E, assim, todas as tentativas de se livrar desse engodo estão condenadas ao fracasso. Mas, a visão “pessimista” da realidade é passada pela ideologia dominando, e não por Adorno. Para ele, existe uma saída, e esta, encontra-se na própria cultura do homem: a limitação do sistema e a estética.
Na Teoria Estética, obra que Adorno tentará explanar seus pensamentos sobre a salvação do homem, dirá ele que não adiante combater o mal com o próprio mal. Exemplo disso, ocorreram no nazismo e em outras guerras. Segundo ele, a antítese mais viável da sociedade selvagem é a arte. A arte, para ele, é que liberta o homem das amarras dos sistemas e o coloca com um ser autônomo, e, portanto, um ser humano. Enquanto para a Indústria Cultural o homem é mero objeto de trabalho e consumo, na arte é um ser livre para pensar, sentir e agir. A arte é como se fosse algo perfeito diante da realidade imperfeita. Além disso, para Adorno, a Indústria Cultural não pode ser pensada de maneira absoluta: ela possui uma origem histórica e, portanto,  pode desaparecer.
Por fim, podemos dizer que Adorno foi um filósofo que conseguiu interpretar o mundo em que viveu, sem cair num pessimismo. Ele pôde vivenciar e apreender as amarras da ideologia vigente, encontrando dentro dela o próprio antídoto: a arte e a limitação da própria Indústria Cultural. Portanto, os remédios contra as imperfeições humanas estão inseridos na própria história da humanidade. É preciso que esses remédios cheguem a consciência de todos (a filosofia tem essa finalidade), pois, só assim, é que conseguiremos um mundo humano e sadio.
 
Referências bibliográficas:
 
ADORNO, Theodor W. Textos Escolhidos. Trad. Luiz João Baraúna. São Paulo: Nova Cultural, 1999. (Os Pensadores)
ADORNO, Theodor W. Mínima Moralia: Reflexões a partir da vida danificada. Trad. Luiz Eduardo Bisca. São Paulo: Ática, 1992.
HORKHEIMER, M., e ADORNO, T. W., Dialética do Esclarecimento: Fragmentos filosóficos. Trad. Guido Antonio de Almeida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997.
HABERMAS, J. O Discurso filosófico da modernidade. Trad. Ana Maria Bernardo e outros. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1990. 
BARCELLOS, Carine. A questão da moral na cultura contemporânea. In: Comunicações, 4, Piracicaba – UNIMEP, p. 70-90, nov. 2000.



* Formado em Filosofia pelo Seminário Arquidiocesano de Maringá (PR)
[1] Adorno tem um capítulo específico sobre a Indústria Cultural contido na Dialética do Esclarecimento onde, em parceria com Horkheimer, ele trata do assunto.
[2] Cf. T. W. Adorno, Os Pensadores. Textos escolhidos, “Conceito de Iluminismo”. Nova Cultural, 1999.
[3] Cf. idem.

Conceitos a serem trabalhados: 1. Sociedade 2.Instituição Social 3. Família

SOCIEDADE


Definição do Aurélio: 1. Agrupamento de seres que vivem em estado gregário. 2. Grupo de indivíduos que vivem por vontade própria sob normas comuns; comunidade. 3. Grupo de pessoas que, submetidas a um regulamento, exercem atividades comuns ou defendem interesses comuns; grêmio, associação, agremiação. 4. Meio humano em que o indivíduo está integrado. 5. Contrato pelo qual pessoas se obrigam a reunir esforços ou recursos para a consecução dum fim comum.
Definição 2. Segundo o Sociólogo Pérsio Santos de Oliveira, sociedade é a “Coletividade organizada e estável de pessoas que ocupam um mesmo território, falam a mesma língua, compartilham a mesma cultura, são geridas por instituições políticas e sociais aceitas de forma consensual e desenvolvem atividades produtivas e culturais voltadas para a manutenção da estrutura que sustenta o todo social. A sociedade apresenta-se geralmente dividida em classes sociais ou em camadas sociais nem sempre harmônicas. Entretanto, mesmo quando há oposição e conflito entre essas classes ou camadas, verifica-se também complementaridade entre elas, e é essa complementaridade que mantém de pé a sociedade como um todo.”

INSTITUIÇÃO SOCIAL
Definição  (Cristina Costa, Dr em Ciências Sociais pela FFLCH-USP)
O comportamento humano tem por característica a padronização, isto é, sempre que um agente social obtém aquilo que deseja, tende a repetir o comportamento adotado em novas situações, assim como tende a ser imitado pelos que o cercam. A gratificação ou a punição decorrente das diversas ações leva à padronização e à formação de usos e costumes, e à cristalização das formas de comportamento social, ou à sua institucionalização.
As instituições sociais são entidades que congregam várias dessas formas de comportamento estabelecidas, organizando-as de forma recíproca, hierárquica e com um objetivo comum.
A família, a igreja, o exército e a burocracia do Estado são as mais antigas e fortes instituições sociais, dentre as quais a família se destaca por seu caráter universal. As instituições econômicas – em especial a propriedade – são de fundamental importância no capitalismo e responsável em grande parte pela estrutura de classes existente.
... apesar de sua função de manutenção da sociedade, de manifestação direta da estrutura social, as instituições são passíveis de mudança e transformação. Exemplo disso é o que vem ocorrendo com a família nas últimas décadas.
FAMÍLIA
Definição 1 (Aurélio)
1. Pessoas aparentadas que vivem, geralmente na mesma casa, particularmente o pai, a mãe e os filhos. 2. Pessoas do mesmo sangue. 3. Origem, ascendência... Família elementar ou família nuclear. A que é constituída pelo casal e seus filhos.
Definição 2 (Pérsio Santos de Oliveira)
Primeiro grupo social a que pertencemos; é uma instituição social constituída pelo conjunto de pessoas unidas por vínculos de parentesco e consangüinidade.
Definição 3 (John Scotson, Introdução à Sociedade, Zahar editores, 1976)
Não há melhor forma de estudar a interação dos grupos humanos do que através da análise das funções da família. A maior parte das pessoas cresceu em alguma forma de estrutura familiar e aprendeu a se ajustar às demandas feitas pelos pais, irmãos e irmãs, avós e tios e tias.
A família não é só a primeira forma de vida em grupo que a maioria das pessoas experimenta, ela também serve de mediadora entre o indivíduo e a sociedade, ajudando-o a ocupar seu lugar no mundo maior (...) Em toda sociedade, o parentesco foi, em algum momento, a unidade-chave da organização social, mantendo sua influência na economia, na vida política, na religião e até mesmo na guerra.
A palavra família é tão comumente usada que se torna necessário utiliza-la com precisão ao estudar a sociedade. Para nos ajudar a definir mais claramente o significado do termo família, os sociólogos geralmente concordam em usar as seguintes definições:
·          Família nuclear = uma unidade composta por um marido, uma esposa e seus filhos.
·          Família consangüínea = a família de parentes pelo sangue.
·          Parentesco = o padrão de relações resultantes do desenvolvimento das famílias nuclear e consangüíneas.
·          Monogamia = casamento de um homem com uma mulher.
·          Poligamia = casamento com mais de duas pessoas.
·          Família patriarcal = o pai como figura dominante.
·          Família matriarcal = a mãe como figura dominante.
O que ela faz ?
1-       Ela regula o comportamento sexual através do sistema de relacionamentos.
2-       Provê uma estrutura reconhecida para a educação das crianças.
3-       Desenvolve um padrão de sistemas de parentesco.
Aspectos da estrutura social que se inter-relacionam com a vida familiar:
1-       As crenças e valores de uma sociedade.
2-       A influência do sistema educacional.
3-       O ambiente físico e econômico.
4-       A influência da estrutura de classes sociais.